Por Geison Aquino, fundador e coordenador geral
Doutores P -Multiplicadores da Alegria
Que honra
estou sentindo em abrir oficialmente as postagens do P blog. Uma honra e uma
felicidade que não cabem em mim. Aliás como geralmente me sinto em qualquer
ação desse projeto que me enche de vida a seis anos.
Sempre fui um
apaixonado por teatro e pela arte de uma forma geral, e quando através das
minhas experiências teatrais, comecei a me enveredar para a pesquisa do palhaço,
logo senti que era exatamente isso que me traria a plenitude. Ser e sentir-se
pleno é sentir-se completo, sentir que nada naquele momento te falta, como se todos
e todas as coisas coubessem no exato instante agora. E sentir-se feliz com este
“exato instante agora”.
Aliás esse é o
raciocínio do palhaço. Ele crava os pés no chão, tentando se sentir confortável.
Ele quer se sentir confortável, onde quer que esteja. E busca fazer com que
todos os lugares sejam os melhores para se estar naquele instante.
Foi difícil iniciar
um trabalho como estes em Venâncio Aires/RS. Primeiramente por ser uma cidade
que até então não estava acostumada a conviver com arte, com teatro e muito
menos com palhaços. Faltavam momentos de real cultura à comunidade, as
referências ainda eram poucas ou distorcidas. Faltavam espetáculos, faltava
cursos, faltava espaço, faltavam profissionais, faltava interesse em consumir
arte. Faltava quase tudo! E ainda falta... mas menos. Mas sobrava vontade de
fazer, em mim e em tantos outros.
Queríamos
tornar a cidade mais aberta para diversas formas de expressão artísticas e
encontramos no teatro a saída para isso. Sempre quis colocar a arte a
disposição das pessoas, ajudar quem precisa, contribuir para uma mudança profunda
nas relações pautadas no “ganha-ganha” e não na troca. Encontrar o hospital
como forma de transformar as ideias em realidades foi o ponto de partida. Lá no
Hospital São Sebastião Mártir encontramos o lugar exato para colocar em prática
a nossa arte e levar sorrisos a quem necessita.
Passamos a
estudar dia e noite a linguagem do palhaço. Esse processo envolveu muitas
leituras e diversos filmes. Buscamos referências no trabalho com palhaços em
hospitais e encontramos bons grupos sérios e profissionais que são nossos
mestres até hoje. Foram cursos e oficinas, ensaios e reuniões, tudo para deixar
o projeto pronto para a execução. Quando isso aconteceu, apresentamos a
proposta ao Hospital São Sebastião Mártir de Venâncio Aires/RS e fomos
convidados e iniciar o trabalho em um período de teste e avaliação. Passamos no
teste! O trabalho foi aprovado e adorado por toda a equipe técnica de saúde e
administrativa do hospital.
Foram lindas
as nossas primeiras visitas. A cada plantão, sentíamos que o trabalho possuía
uma função importantíssima junto aos pacientes, familiares e profissionais de
saúde. Eu, Julio Nascimento e Helena Jungblut, meus parceiros de fundação, ousamos
sonhar juntos esse projeto, e o colocamos em prática.
Hoje o trabalho
tem outra cara. Mais maduro, mais profissional, com maiores responsabilidades,
com uma equipe gigante. Seis anos depois a essência continua a mesma, mas os
desafios são a cada dia maiores e mais motivadores. A cada sorriso conquistado
a duras penas de uma criança fadada a dor, queremos continuar. A cada novo
olhar que um adulto dá ao palhaço, queremos continuar. A cada porta de leito
que se abre, queremos ser múltiplos, serenos, fabulosos e continuar.
São inúmeras
pessoas que apoiam e acreditam no projeto Doutores P. São inúmeros
profissionais envolvidos nesse trabalho, não só os 6 palhaços estampados nas
fotos ou andando pelos corredores as vezes frios do hospital. Para que as
visitas sejam feitas, para que o post no face seja atualizado, para que a
matéria no jornal seja estampada, para que a nota fiscal chegue ao patrocinador,
para que as maquiagens sejam compradas, para que o instrumento seja afinado,
para que o cenário pesado seja montado, por traz de tudo isso existem pessoas,
que acreditam que a arte, o palhaço e a alegria podem sim tornar o mundo um
lugar melhor para se viver.
É preciso
dizer que o projeto está a cada dia mais vivo e com mais vontade de crescer,
fazer e acontecer. Nosso narizes vermelhos curiosos estão tomando espaços antes
jamais imaginados, e conquistando corações e olhares que antes temerosos e
receosos se tornaram de admiração. Muitos “nãos” ainda vamos receber, mas estamos
preparados, viu! Os entendemos até. O palhaço quando ouve um não, sabe que
aquele não, pode se tornar um SIM, bem grande e sorridente.
Então, que
nossos palhaços adentrem muitos quartos, abram muitos sorrisos, recebam muitos
nãos e outros tantos “sims”. Que exista música no hospital e um palhaço
oferecendo seus melhores atributos para estar ao lado de quem sente dor.
E que existam
pessoas que multipliquem esta alegria. Do palhaço e de todos nós.
Narigadas no Geison.